Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Pnuma quer reduzir poluição para combater resistência antimicrobiana
(Agência Brasil) Até 2050,
cerca de 10 milhões de mortes ao ano podem ser registradas no mundo em razão do
surgimento e da propagação de supermicróbios – cepas de bactérias que se tornam
resistentes a antibióticos conhecidos.
O alerta é do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que defende reduzir a poluição
gerada pelos setores farmacêutico, agrícola e de saúde como estratégia
essencial para combater a chamada resistência antimicrobiana.
De acordo com o relatório
Preparando-se para os supermicróbios: fortalecendo a ação ambiental na resposta
à resistência antimicrobiana pela abordagem de saúde única, divulgado hoje (7)
pela entidade, o custo econômico da resistência antimicrobiana poderia resultar
em uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) global de pelo menos US$ 3,4
trilhões de dólares até 2030, empurrando 24 milhões de pessoas para a extrema
pobreza.
O documento destaca que os
supermicróbios já causam sério impacto na saúde humana, de animais e de plantas
e defende uma resposta multisetorial de saúde. “Devemos permanecer focados em
reverter a maré nesta crise, aumentando a conscientização e colocando este
assunto de importância global na agenda das nações”, destacou a presidente do Grupo
de Lideranças Globais sobre Resistência Antimicrobiana, Mia Amor Mottley.
Entenda
De acordo com o Pnuma, o
desenvolvimento e a propagação dos supermicróbios acontece quando medicamentos
antimicrobianos usados para prevenir e tratar infecções em humanos, animais e
plantas perdem sua eficácia e a medicina moderna, consequentemente, perde sua
capacidade de tratar até mesmo infecções leves.
A resistência antimicrobiana
aparece na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das dez
principais ameaças globais à saúde. Em 2019, 1,27 milhões de mortes foram
atribuídas diretamente a infecções resistentes a medicamentos em todo o mundo,
enquanto 4,95 milhões foram associadas à resistência antimicrobiana.
“A tripla crise planetária
implica em temperaturas mais altas e padrões climáticos extremos, mudanças no
uso do solo que alteram sua diversidade microbiana, assim como poluição
biológica e química. Tudo isso contribui para o desenvolvimento e a
disseminação da resistência antimicrobiana”, destacou o Pnuma.
"A poluição do ar, do
solo e dos cursos d'água mina o direito humano a um ambiente limpo e saudável.
Os mesmos fatores que causam a degradação do meio ambiente estão agravando o
problema da resistência antimicrobiana. E os impactos da resistência antimicrobiana
podem destruir nossa saúde e nossos sistemas alimentares", avaliou a
diretora-executiva da entidade, Inger Andersen.
Ações
Dentre o conjunto de medidas
sugeridas pelo relatório para o enfrentamento dos supermicróbios estão:
Multiplicar os esforços
globais para melhorar a gestão integrada dos recursos hídricos, como promover o
abastecimento de água, o saneamento e a higiene;
Estimular que países integrem
um enfoque ambiental aos planos de ação em nível nacional relacionados com o
meio ambiente, como programas nacionais de gestão de resíduos e poluição por
químicos e planos de ação em matéria de biodiversidade nacional e planejamento
frente à mudança climática;
Estabelecer padrões
internacionais relativos a indicadores microbiológicos adequados de resistência
antimicrobiana a partir de amostras ambientais;
Explorar opções para
redirecionar investimentos, estabelecer incentivos e esquemas financeiros
inovadores, bem como justificar o investimento no sentido de garantir
financiamento sustentável, incluindo a alocação de recursos internos
suficientes para enfrentar os supermicróbios;
Reforçar o monitoramento e a
vigilância ambiental, bem como priorizar a pesquisa para fornecer mais dados e
evidências que fundamentem melhores intervenções.
“A resistência antimicrobiana
requer uma resposta de saúde única que reconheça que a saúde das pessoas, dos
animais, das plantas e do meio ambiente estão intimamente ligados e são
interdependentes. A prevenção está no centro da ação necessária para deter o
surgimento da resistência antimicrobiana e o meio ambiente é uma parte
fundamental da solução”, concluiu o relatório.
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