Por
Soares Filho
O I Workshop Comunicação
Humanizada, aconteceu nesta
terça-feira(29), no auditório da Casa da Mulher Brasileira, no Jaracaty. O tema
principal girou em torno da exposição das vítimas de violência e feminicídios. E
também deixar os profissionais do serviço especializado no acolhimento de vítimas,
como fontes para a imprensa.
De um modo geral os
profissionais da comunicação tem contribuindo para dar conhecimento a casos de
violência contra a mulher e feminicídios. Isto tem ajudado a localizar os criminosos,
e tenta evitar que esse tipo de crime aconteça. No entanto, é preciso cuidado para não expor
as vítimas, não mostrar seu rosto,
partes intimas e detalhes do ocorrido, para não revitimizá-las.
A Coordenadora da Casa da Mulher
Brasileira, Susan Lucena, definiu a imprensa como uma parceira no combate a violência
sofrida pelas mulheres. Mas, precisar ter o cuidado ao divulgar as informações
para que não revitimize a mulher. “Imagine quando a mulher tem o seu corpo nu exposto,
vamos supor num caso de estupro, em que as imagens dessa mulher sejam veiculadas.
Já vazaram vários vídeos de mulheres sendo vítimas de feminicídio. Vídeos por
exemplo, de sistema de segurança, sem passar por nenhuma forma de não expor o
corpo da mulher. E a família da mulher como fica? É muito raro uma mulher expor
o seu caso de violência. Porque é muito doloroso, a mulher sente medo, vergonha”, afirmou Susan.
Para a Secretária de Estado da Mulher (SEMU), Ana
Mendonça, as mulheres vítimas de violência precisam do apoio da imprensa, sem
que haja uma exposição desnecessária. “Somar forças para que a gente venha
trabalhar o psicológico dessas mulheres, que são revitimizadas por terem seus
casos expostos. A imprensa é fundamental nisso, porque hoje a imprensa faz
parte da vida de homens, mulheres e crianças.
Em tempos de redes sociais é indispensável essa discussão, principalmente
para combater violência de gênero”, destacou.
De acordo com a Cel. Augusta Ribeiro, da Polícia Militar do Maranhão e Coordenadora Estadual da Patrulha Maria da Penha, é um momento
positivo. “A gente conta com a imprensa, que tem nos ajudado bastante a
divulgar nossas ações. Nos casos de violência contra a mulher, é importante
que se fale a mesma linguagem. Aconteceu alguma coisa, tentar não dar aqueles
detalhes, que além de expor, causam muito sofrimento para a mulher e para a família”, ressaltou a Cel. Augusta.
Já a Delegada Kazumi Tanaka, Coordenadora
das Delegacias da Mulher no Maranhão, falou que as mulheres ao acessarem os serviços de proteção
da Delegacia e da Casa da Mulher, tem receio de que suas denuncias vazem. “A
preocupação não é só de vazar para a imprensa. A preocupação é a maneira como
aquilo vai ser exposto. É muito complicado para a mulher expor o problema gravíssimo
que está passando pela vida dela, e ao mesmo tempo, ver aquela sua situação não
sendo tratada de maneira respeitosa, de maneira humanizada. Isso que agente pretende, a gente
pretende alcançar a imprensa, colocando
o que elas esperam no trato da notícia,
da informação, pelo problema que ela passou de maneira humanizada e respeitosa”, disse a Delegada Tanaka.
Segundo a Juíza titular da
2ª Vara de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Lúcia
Helena, o momento é importante por
promover a união entre profissionais do jornalismo e o Sistema de Justiça, para
construir uma proteção a imagem da mulher vítima de feminicídio, da mulher sobrevivente da violência doméstica,
familiar e também da imagem dos filhos. “O crime de feminicídio e outros crimes praticados contra a mulher, são crimes praticados contra a família de um modo
geral. Os profissionais da imprensa tem um papel de suma
importância, para que se possa enfrentar a violência familiar", concluiu.
Registro
de Atendimento
De julho de 2018 até
fevereiro de 2019, a Casa da Mulher Brasileira no Maranhão, atendeu 16.737
casos dentre eles: 1.097, agressões físicas; 1.038, agressões físicas/verbais; 2.330, ameaças/calúnias/difamações/injúrias; 64
assédios morais; 49, assédios sexuais; 20, tentativas de feminicídios; 77 estupros e
32 tentativas de estupro.