terça-feira, 30 de abril de 2019

WORKSHOP DEBATE OS CUIDADOS NAS COBERTURAS JORNALÍSTICAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER



Por Soares Filho


O I Workshop Comunicação Humanizada,  aconteceu nesta terça-feira(29), no auditório da Casa da Mulher Brasileira, no Jaracaty. O tema principal girou em torno da exposição das vítimas de violência e feminicídios. E também deixar os profissionais do serviço especializado no acolhimento de vítimas, como fontes para a imprensa.

De um modo geral os profissionais da comunicação tem contribuindo para dar conhecimento a casos de violência contra a mulher e feminicídios. Isto tem ajudado a localizar os criminosos, e tenta evitar que esse tipo de crime aconteça.  No entanto, é preciso cuidado para não expor as vítimas, não mostrar  seu rosto,  partes intimas e detalhes do ocorrido, para não revitimizá-las.

A Coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena, definiu a  imprensa como uma parceira no combate a violência sofrida pelas mulheres. Mas, precisar ter o cuidado ao divulgar as informações para que não revitimize a mulher. “Imagine quando a mulher tem o seu corpo nu exposto, vamos supor num caso de estupro, em que as imagens dessa mulher sejam veiculadas. Já vazaram vários vídeos de mulheres sendo vítimas de feminicídio. Vídeos por exemplo, de sistema de segurança, sem passar por nenhuma forma de não expor o corpo da mulher. E a família da mulher como fica? É muito raro uma mulher expor o seu caso de violência. Porque é muito doloroso, a mulher  sente medo, vergonha”,  afirmou Susan.

Para a Secretária de Estado da Mulher (SEMU), Ana Mendonça, as mulheres vítimas de violência precisam do apoio da imprensa, sem que haja uma exposição desnecessária. “Somar forças para que a gente venha trabalhar o psicológico dessas mulheres, que são revitimizadas por terem seus casos expostos. A imprensa é fundamental nisso, porque hoje a imprensa faz parte da vida de homens, mulheres e crianças.  Em tempos de redes sociais é indispensável essa discussão, principalmente para combater violência de gênero”, destacou.

De acordo com a  Cel. Augusta Ribeiro, da Polícia Militar do Maranhão e Coordenadora Estadual da Patrulha  Maria da Penha, é um momento positivo. “A gente conta com a imprensa, que tem nos ajudado bastante a divulgar nossas ações. Nos casos de violência contra a mulher, é importante que se fale a mesma linguagem. Aconteceu alguma coisa, tentar não dar aqueles detalhes, que além de expor, causam muito sofrimento para a mulher e para a família”, ressaltou a Cel. Augusta.

Já a Delegada Kazumi Tanaka, Coordenadora das Delegacias da Mulher no Maranhão, falou que  as mulheres ao acessarem os serviços de proteção da Delegacia e da Casa da Mulher, tem receio de que suas denuncias vazem. “A preocupação não é só de vazar para a imprensa. A preocupação é a maneira como aquilo vai ser exposto. É muito complicado para a mulher expor o problema gravíssimo que está passando pela vida dela, e ao mesmo tempo, ver aquela sua situação não sendo tratada de maneira respeitosa, de maneira humanizada. Isso que agente pretende, a gente pretende alcançar  a imprensa, colocando o que elas esperam no trato da notícia,  da informação, pelo problema que ela passou de maneira humanizada e respeitosa”, disse a Delegada Tanaka.

Segundo a Juíza titular da 2ª Vara de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Lúcia Helena,  o momento é importante por promover a união entre profissionais do jornalismo e o Sistema de Justiça, para construir uma proteção a imagem da mulher vítima de feminicídio, da  mulher sobrevivente da violência doméstica, familiar e também da imagem dos filhos. “O crime de feminicídio  e outros crimes praticados contra a mulher, são  crimes praticados contra a família de um modo geral. Os profissionais da imprensa tem um papel de suma importância, para que se possa enfrentar a violência familiar", concluiu.

Registro de Atendimento
De julho de 2018 até fevereiro de 2019, a Casa da Mulher Brasileira no Maranhão, atendeu 16.737 casos dentre eles: 1.097, agressões físicas; 1.038,  agressões físicas/verbais;  2.330, ameaças/calúnias/difamações/injúrias; 64 assédios morais; 49, assédios sexuais; 20, tentativas de feminicídios; 77 estupros e 32 tentativas de estupro.