Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), aponta, que houve recorde entre os mais pobres.
Com informações do Brasil61
(Brasil61) Pagar as contas
atrasadas e sair da inadimplência é um dos objetivos da lista de metas de ano
novo de muitos brasileiros. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em dezembro, houve recorde entre
os mais pobres. Os dados, referentes ao mês de novembro, apontam que 34,1% dos
consumidores com renda de até 10 salários mínimos atrasaram dívidas. É o maior
número desde o início da série histórica em 2010. A pesquisa é feita
mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC).
Apesar disso, o levantamento
aponta um recuo de 0,3% em relação a outubro. Segundo a pesquisa, essa
desaceleração na proporção de endividados é explicada pela evolução positiva do
mercado de trabalho, pelas políticas de transferência de renda mais robustas e
pela queda da inflação nos últimos meses. Esse conjunto de fatores significou
um aumento da renda disponível. Ainda assim, a combinação de endividamento e
juros altos está deixando os consumidores mais cautelosos, conforme a Peic.
A economista da CNC, responsável
pela Peic, Izis Ferreira, alerta para a importância de se organizar para não
cair em armadilhas e, assim, afastar o fantasma da inadimplência em 2023. Ela
afirma que as despesas aumentam no primeiro trimestre do ano e, por isso,
evitar gastos desnecessários faz toda a diferença.
“São tributos, rematrícula de
escola, material escolar, então é importante que o consumidor se programe para
o pagamento dessas despesas, que vão apertar o orçamento no início de 2023,
além de toda incerteza em relação ao desempenho da economia que vamos ter nos
próximos meses. Então, é evitar o gasto com supérfluo, fazer a conta, pesquisar
preço, guardar o cartão de crédito se puder. E se ganhou uma receita
extra, procurar usar em favor da família evitando o gasto do salário”, afirma.
Segundo a gerente da Serasa,
Camila Cruz, o consumidor precisa de um controle simples para começar o ano
colocando as contas em dia. Ela afirma que anotar as despesas e o orçamento
mensal é fundamental para que os gastos não ultrapassem os ganhos. Camila Cruz
também alerta para os riscos do cartão de crédito.
“É possível começar pelo
básico, com papel e caneta e todo mês consultar esse caderninho para ver o que
você está gastando a mais e o que está gastando a menos. E ter muito cuidado com
os gastos do cartão de crédito, ou seja, os parcelamentos do cartão de crédito
podem também onerar o seu orçamento mensal, e os juros são muito altos, caso
você venha a atrasar uma fatura. Então é um ponto realmente de atenção”,
destaca.
De acordo com o levantamento mais recente da Serasa no segundo semestre de 2022, 69 milhões de brasileiros têm restrição no nome, o que corresponde a 42,6% da população adulta do Brasil.
Impactos
do endividamento na saúde
A Pesquisa “Perfil e
Comportamento do Endividamento Brasileiro”, encomendada pela Serasa, mostra o
impacto do endividamento na saúde mental da população. A pesquisa ouviu 5.225
pessoas de todas as regiões do país e constatou que 83% dos inadimplentes
sofrem de insônia causada pelas dívidas. Além disso, 74% afirmam ter
dificuldade de se concentrar nas tarefas do dia a dia e 61% viveram ou vivem
sensação de crise de ansiedade.
A psicóloga Thamires Ferreira
explica que o endividamento pode gerar uma série de pensamentos negativos e
levar, inclusive, ao fim de relacionamentos. Ela alerta para a importância de
as pessoas com dívidas buscarem educação financeira, além da psicoterapia para
aprender a lidar com a situação e as emoções.
“Crises de pensamentos
negativos, que geram sentimentos como vergonha, angústia, tristeza, medo,
culpa, altos níveis de estresse, dificuldade de concentração. Começa a
atrapalhar os relacionamentos, com amigos, familiares e parceiros, nesse caso,
os casamentos acabam sendo muito afetados. E tudo isso é um ciclo vicioso, todos
esses pensamentos negativos geram mais comportamentos de gastos. A insônia é um
fator bem comum, as pessoas não conseguem dormir pensando nessa situação
financeira.”
Pesquisa
Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro:
83%
dos endividados têm dificuldade para dormir por causa das dívidas;
78%
têm surtos de pensamentos negativos devido aos débitos vencidos;
74%
afirmam ter dificuldade de concentração para realizar tarefas diárias;
62%
dos entrevistados sentiram impacto no relacionamento conjugal;
61%
viveram ou vivem sensação de “crise e ansiedade” ao pensar na dívida;
53%
dos pesquisados revelam sentir “muita tristeza” e “medo do futuro”:
51%
dos entrevistados têm vergonha da condição de endividado;
33%
não se sentem mais confiantes em cuidar das próprias finanças;
31%
sentiram impacto das dívidas no relacionamento com familiares.