Ru Barbosa foto divulgação
Um dos brasileiros mais importantes de todos os tempos.
(Agência Brasil) Apagou-se o sol. Foi assim que
o jornal carioca Gazeta de Notícias anunciou, em 1º de março de 1923, a morte
de Rui Barbosa de Oliveira. Periódicos da França, Inglaterra, Bélgica e de
dezenas de países publicaram em suas primeiras páginas a notícia da morte do
denominado maior dos brasileiros.
Rui Barbosa foi um
intelectual, escritor, político, advogado, jornalista, diplomata e um
importante jurista brasileiro. Ao longo de seus 73 anos, Rui Barbosa escreveu
seu nome no rol de intelectuais mais relevantes da história do país. O
professor de filosofia e escritor Saulo Dourado, autor do romance histórico O
borbulhar do gênio, prefere descrever o ilustre baiano como um estudioso
tímido, dedicado e flexível.
“Eu acho que pela
correspondência com Castro Alves dá pra entender mais Rui Barbosa. Eles foram
crianças estudando juntas, ali no Ginásio Baiano do Abílio César Borges, que
era um educador muito à frente do momento. Trouxe a ideia de um palco pra
dentro da escola, em que Castro Alves declamava poemas e o Rui Barbosa falava.
- algo que ele fez pro restante da vida. Que eram os grandes discursos. Os
processos de Rui Barbosa duravam cinco horas de defesa. Então assim, essa
figura que, ao mesmo tempo, é bastante dedicada, tímida... acordava 5h para
poder estudar. E ele conseguiu concluir a escola antes da idade convencional e
poderia fazer a faculdade de direito aos 15 anos, mas o pai não deixou. Disse
que ele só poderia aos 16. E disse assim, ‘então aproveite esse ano pra estudar
alemão’. Então o estudo, erudição, a oratória e ao mesmo tempo, a
flexibilidade”.
O
professor também o caracteriza como um homem plural e com várias habilidades.
“O Rui Barbosa conseguiu estar
em vários campos ao mesmo tempo. Está em diálogo com Castro Alves, um poeta,
até estar em correspondência com Luís Gama, com pautas abolicionistas, fazendo
realmente um jornal radical em São Paulo, à favor inclusive da República. E até
em diálogo com a própria monarquia, como ele depois com outros ministros. Então
ela é uma pessoa plural nesse sentido, e foi desde a figura de confiança de
Marechal Deodoro até o inimigo número um de Floriano Peixoto. Então eu
resumiria assim”.
Diplomata de grandes
qualidades e um brilhante orador, em 1907 foi nomeado juiz da Corte
Internacional de Haia e, ao lado de outros intelectuais, foi indicado como um
dos “Sete Sábios de Haia”. Foi membro fundador da Academia Brasileira de
Letras, do qual foi presidente após a morte de Machado de Assis. Para o
jornalista e presidente da Associação Bahiana de Imprensa, Ernesto Marques, Rui
Barbosa foi um importante intelectual com uma presença muito forte na vida
cultural brasileira.
“Rui Barbosa é, sem dúvida
alguma, um dos brasileiros mais importantes de todos os tempos. Porque, se você
observar, fora as lutas pela implantação do sistema federativo, pela
Proclamação da República, pela abolição da escravatura, foi ele o redator do
primeiro projeto de Constituição republicana. Várias instituições que a gente
tem hoje - ou todas as instituições que a gente tem hoje - foram arquitetadas,
foram desenhadas a partir das reflexões do Rui Barbosa. Um intelectual com uma
presença muito forte na vida cultural brasileira, fundador da Academia de
Letras, alguém que teve uma importância muito grande pra cultura brasileira. E
não por acaso, o Dia Nacional da Cultura é comemorado no 5 de novembro, que é a
data de nascimento de Rui Barbosa. Ele também foi talvez o primeiro que
projetou o Brasil globalmente a partir das posições da política externa
brasileira. E foi também um jornalista apaixonado”.
Para
o jornalista Ernesto Marques, Rui Barbosa continua presente em nossas vidas.
“Agora, nesse período mais
recente, você pode procurar e vai ver que todos os grandes temas sobre os quais
nós nos debatemos nos últimos anos tem a presença de Rui. Cortes superiores ou
o questionamento feita ao Supremo Tribunal Federal, ao TSE, etc, Rui Barbosa.
Cortes de contas, o papel dos Tribunais de Contas, Rui Barbosa foi fundador dos
Tribunais de Contas. Liberdade de imprensa, primeiro habeas corpus conseguido
em favor de um jornalista em defesa da liberdade de imprensa, Rui Barbosa.
Defesa de salários iguais pra homens e mulheres, Rui Barbosa. Defesa do acesso
universal à educação e educação profissional, Rui Barbosa. Liberdade pra os
escravizados, Rui Barbosa. Tem muita coisa sobre o Rui Barbosa que a gente
ainda não conhece. É alguém que a gente, sem perceber, convive no cotidiano o
tempo inteiro”.
De seus 55 anos de vida
pública, Rui Barbosa passou 32 no Senado, sempre representando o estado da
Bahia. Dono de uma produção intelectual muito vasta, Rui Barbosa escreveu
diversas obras, composta de poemas, artigos, ensaios e discursos. Nesta
quarta-feira (1º), o Senado vai realizar sessão solene para lembrar o
centenário de falecimento de Rui Barbosa.
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