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Antônio Cruz/ Agência Brasil
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Por Felipe Pontes/Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou
que o governo federal divulgue na íntegra os dados relativos ao contágio e às
mortes pelo novo coronavírus (covid-19), nos moldes de como vinha sendo
realizado pelo Ministério da Saúde até o dia 4 de junho.
O ministro afirmou que as consequências para a população podem ser desastrosas “caso não sejam adotadas medidas de efetividade internacionalmente reconhecidas, dentre elas, a coleta, análise, armazenamento e divulgação de relevantes dados epidemiológicos necessários, tanto ao planejamento do poder público para tomada de decisões e encaminhamento de políticas públicas, quanto do pleno acesso da população para efetivo conhecimento da situação vivenciada no país”.
Pela decisão, o Ministério da Saúde fica obrigado a divulgar e manter uma divulgação diária e integral dos dados epidemiológicos relativos à pandemia, incluindo o número acumulado de contaminados e mortos.
Para Moraes, isso é necessário para que sejam cumpridos “os princípios constitucionais da publicidade e transparência e do dever constitucional de executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica em defesa da vida e da saúde”.
Entenda o caso
Na noite de domingo (7), o Ministério da Saúde anunciou uma
mudança no formato de divulgação dos dados relativos à pandemia. Pela nova
metodologia, por exemplo, em vez de divulgar o número de mortes acumuladas na
data de notificação, passa a ser divulgado com maior destaque somente o número
de mortes que efetivamente ocorreram naquele dia.
A explicação dada pelo governo foi de que a divulgação do
acúmulo de casos, como vinha sendo feito, dificulta a verificação das mudanças
dos cenários regionais, estaduais e municipais.
“O uso da data de ocorrência (e não da data de registro)
auxiliará a se ter um panorama mais realista do que ocorre em nível nacional e
favorecerá a predição, criando condições para a adoção de medidas mais
adequadas para o enfrentamento da covid-19, nos âmbitos regional e nacional”,
disse o ministério em comunicado divulgado na noite de domingo (7).
Ontem (8), o governo fez outro anúncio sobre a criação de
uma nova plataforma interativa
com os dados, que deve ser lançada nesta semana.
Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, as
secretarias estaduais enviarão as informações até as 16h e os dados totais
nacionais serão divulgados até as 18h30.
Em entrevista coletiva, o diretor do Departamento de
Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, Eduardo Macário,
disse que as mortes por covid-19 confirmadas com dias de atraso continuarão a
ser contabilizadas, mas que o dia de ocorrência será considerado e isso
impactará a curva epidemiológica de evolução da pandemia. “O total continua o
total”, afirmou.
MPF
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, no sábado (6), procedimento
extrajudicial para apurar porque o Ministério da Saúde mudou a forma de
divulgação dos dados do novo coronavírus no Brasil. O MPF pedirá ao
ministério a cópia do ato administrativo que determinou a retirada do número
acumulado de mortes do painel, bem como do inteiro teor do procedimento
administrativo que resultou na adoção da medida.
Último
balanço
De acordo com o último balanço divulgado pelo governo federal na noite
de ontem (8), o Brasil registrou na segunda-feira 15.654 novos casos de
covid-19 e 679 novas mortes. Com isso, os totais subiram para 707.412 casos
confirmados da doença e 37.134 mortes.
Divulgação
paralela
Em meio a essas mudanças, o Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass) disponibilizou ontem (7), em seu site, um painel próprio com dados
atualizados sobre o número de casos da covid-19 no país. A atualização feita
ontem mostra 679 novas mortes e 15.564 novos casos de covid-19 nas últimas
24 horas.
De acordo com a entidade, a iniciativa está pautada “pelo
mais alto interesse público”, com vista à “defesa da saúde e da vida” dos
brasileiros.
As informações da nova ferramenta serão fornecidas pelos
estados e estarão disponíveis diariamente até as 18h. O conselho reúne os
secretários de saúde das 27 unidades da federação.
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